sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Doce lembrança

Amanhece. Movimento quase nenhum. Parece que o tempo resolveu descansar. Diante de mim, o mar. Misterioso e belo, de uma beleza que não se conta. Caminho lentamente pela água, vento brando em meu rosto, nas folhas das árvores, crispando as ondas e varrendo a areia.

De repente, o susto: ele ali, na minha frente, caminho inverso, cabelos brancos feito nuvens, olhar envolvendo toda a paisagem. Sem saber, trouxe-me de volta à doçura da minha infância, nem tão distante assim. O porte era o mesmo de meu avô, como eram os mesmos os olhos ternos e a leveza adivinhada na expressão.

Parece que ali só faltava eu, pequena, caminhando com ele de mãos dadas, explosão de tantos risos e ternuras tantas.

Tenho-o por inteiro comigo: Nossas brincadeiras, cumplicidade, nossas travessuras, nossos passeios... Os pastéis degustados às escondidas, as aulas de Educação Física "boladas" de comum acordo entre nós dois, as idas à Ilha das Palmas, a roda gigante, a montanha russa colocada em movimento só para ele e eu, as Páscoas e Natais inesquecíveis, que sempre guardavam lindas surpresas. Do alto olhávamos o mar (o mesmo que contemplo agora) e sentíamos o vento (o mesmo?) gritando ao mundo o quanto éramos felizes e iguais.


Encaro-o de novo agora completamente atônita (Seria ele de volta? Ou ele teimoso como sempre simplesmente não foi?)

Ensaiei o beijo, o abraço, o afago... Preparei o riso alto e até a alegria... Tudo em vão... Aquele não era ele e embora tenha respondido ao meu bom- dia sorrindo, para mim já não era mais dia e muito menos bom. Afastei-me, e duas lágrimas correram por minha face, juntando-se às minhas lembranças.

Um comentário:

Jackson de Paula disse...

Isaaa! =)
Adorei os seus textos, todos estão bem escritos - para variar, rs. Este que estou comentando chamou-me a atenção pela riqueza de detalhes.

Parabéns pelo blog!

Beijo!