segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Passatempo: O tempo passa

Sem compromisso nem razão, saí pela manhã para respirar a cidade.
O primeiro aroma, sem dúvida, foi o daquela manhã de primavera, cheia de cores e de luz.

Na grande avenida, majestosas palmeiras pareciam anunciar a própria grandeza da vida.

Em direção à praia, o cheiro do verde, os matizes das flores formando os jardins (marca registrada da cidade de Santos) que me enchem de encantamento. Encantamento que não termina ali: mal ergo os olhos, avisto os navios atracados ao cais lembrando a magia de tantas viagens sonhadas e algumas até vividas.

Prossigo sem pressa, observando entre a rústica singeleza dos quiosques e a sólida beleza de antigas construções que viram gerações e gerações passarem por elas: Pinacoteca Benedito Calixto, Escolástica Rosa, Museu de Pesca...

Tomada pelo raro sabor da liberdade, concedo-me o direito de adentrar ao Aquário e ali permanecer por tempo indeterminado,extasiando-me com o milagre de tantas vidas borbulhantes e únicas em tamanho, cores, hábitos, na beleza, enfim.

No auge do encantamento revivo na memória as fantásticas tardes e manhãs que passei ali, quando era ainda pequena. Momentos intensamente vividos e devidamente registrados na Kodak do papai.

Comovida, percebi, naquele lugar, naquele momento, que a magia ainda era a mesma, com uma única diferença: naquele tempo eu ainda não tinha saudades.
Final de tarde, faço o caminho de volta inundada de lembranças. Doces lembranças dos lugares e das pessoas que comigo viveram essa história.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Doce lembrança

Amanhece. Movimento quase nenhum. Parece que o tempo resolveu descansar. Diante de mim, o mar. Misterioso e belo, de uma beleza que não se conta. Caminho lentamente pela água, vento brando em meu rosto, nas folhas das árvores, crispando as ondas e varrendo a areia.

De repente, o susto: ele ali, na minha frente, caminho inverso, cabelos brancos feito nuvens, olhar envolvendo toda a paisagem. Sem saber, trouxe-me de volta à doçura da minha infância, nem tão distante assim. O porte era o mesmo de meu avô, como eram os mesmos os olhos ternos e a leveza adivinhada na expressão.

Parece que ali só faltava eu, pequena, caminhando com ele de mãos dadas, explosão de tantos risos e ternuras tantas.

Tenho-o por inteiro comigo: Nossas brincadeiras, cumplicidade, nossas travessuras, nossos passeios... Os pastéis degustados às escondidas, as aulas de Educação Física "boladas" de comum acordo entre nós dois, as idas à Ilha das Palmas, a roda gigante, a montanha russa colocada em movimento só para ele e eu, as Páscoas e Natais inesquecíveis, que sempre guardavam lindas surpresas. Do alto olhávamos o mar (o mesmo que contemplo agora) e sentíamos o vento (o mesmo?) gritando ao mundo o quanto éramos felizes e iguais.


Encaro-o de novo agora completamente atônita (Seria ele de volta? Ou ele teimoso como sempre simplesmente não foi?)

Ensaiei o beijo, o abraço, o afago... Preparei o riso alto e até a alegria... Tudo em vão... Aquele não era ele e embora tenha respondido ao meu bom- dia sorrindo, para mim já não era mais dia e muito menos bom. Afastei-me, e duas lágrimas correram por minha face, juntando-se às minhas lembranças.

Falta de limites: o mal do século

Nos dias atuais, em meio a tantos acontecimentos, poucos são os que chegam a mídia e não nos deixam estupefatos. São assassinatos, mentiras, corrupções. Tantas coisas que parecem impossíveis de serem contidas. E tudo em decorrência de um mesmo problema: a falta de limites.

Desde que a idéia do "é proibido repreender" foi inserida em nossa sociedade, os problemas que já existiam começaram a se intensificar e outros que nem teríamos em mente que pudessem acontecer, como um bandido comandando uma quadrilha de dentro de uma prisão de segurança máxima, saltam aos nossos olhos cada vez mais e tudo parece normal, corriqueiro. Tudo foi banalizado.

Em tempos em que os pais não sabem por onde e com quem andam seus filhos, não fica difícil imaginar o que está por vir, principalmente se levarmos em conta, que, apesar de tudo, essa geração não se perdeu completamente, porque ao ter convivência com os avós, aprenderam até uma certa dose de respeito e obediência e, mesmo assim, estamos onde estamos. Se não houver uma mudança radical de valores, tudo tende a ficar ainda pior, pois estes jovens sem limites se tornarão adultos um dia sem ter qualquer noção da importância da autoridade paterna e irão gerar pessoas que não saberão o que significa hierarquia familiar e, consequentemente, não terão sequer um resquício de respeito pelos pais, que dirá com os demais.

Globalização e capitalismo exacerbado: barreiras para a evolução da sociedade brasileira

Conforme as questões levantadas por Barbero, no texto “Comunicação Plural”, o Brasil é um país muito heterogêneo em termos culturais e mesmo com relação a recursos, portanto seria necessário uma reforma que trouxesse benefícios para o país de forma geral. A reforma terá que atender a todas as regiões de maneira igualitária, então seria necessário, antes de qualquer coisa, uma mudança no processo educacional.

A partir do momento em que houver melhora na qualidade da educação para todos, poderemos pensar numa mudança no sentido comunicacional.

Outros problemas que dificultam essa mudança são a globalização e o capitalismo exacerbado. A luta de classes e a eterna busca pelo TER é incentivada pela mídia todo o tempo e o que é de fato essencial não é pensado: como fazer a população pensar, refletir e analisar.


Todos esses problemas são conseqüências da má-distribuição de rendas gerada por uma sociedade que valoriza mais as posses que o conteúdo.

Enquanto não houver melhora na educação, não haverá evolução na distribuição de recursos e por conseqüência a sociedade continuará a moldar-se como exemplos bem-sucedidos e a ser consumista e alienada ao invés de reflexiva e contestadora tendo como base argumentos sólidos que só são adquiridos por meio de conhecimento e o conhecimento é proveniente da observação, da análise.

Para os governantes não é interessante a mudança desta realidade, visto que quanto mais alienadas, mais suscetíveis as pessoas estarão. Sendo assim, a mídia tem a responsabilidade de atuar de alguma maneira e o primeiro passo seria abolir totalmente o sensacionalismo e a visão elitista dos veículos (coisa nada fácil) para que seja possível melhorar a qualidade da programação veiculada e trazê-la ao alcance de todos.

Infelizmente a mídia hoje é um retrato da elite. Prova disso é que as programações de qualidade estão nos canais pagos, aos quais só têm acesso aqueles que possuem um poder aquisitivo médio ou alto.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Jornalismo on- line e participativo: Os focos do momento

Falar de jornalismo on-line implica, obviamente, falar da Internet e das transformações que a tecnologia provocou e provoca no jornalismo.De fato, não restam dúvidas de que os meios de comunicação tendem a aproveitar a evolução tecnológica. Essa realidade não é de hoje. A imprensa modificou-se com a rotativa, o off-set e os meios de paginação eletrônica. A televisão transformou-se com a melhoria dos sistemas televisivos e está a sofrendo grandes modificações com a interatividade, a alta definição, os sistemas digitais e a convergência com a informática e as telecomunicações. Portanto, não é de se estranhar que o aparecimento da Internet tenha gerado transformações no jornalismo. Essas transformações fizeram-se sentir, essencialmente, em dois níveis: em primeiro lugar, nas rotinas jornalísticas de produção de informação; e em segundo lugar, no produto jornalístico, em suas formas e formatos de difusão de informação. O jornalismo on-line não exterminou outros gêneros de jornalismo, mas requer modificações.


A Internet é, neste momento, o meio de comunicação que mais torna visível a convergência dos meios, ou seja, a integração dos mesmos num único suporte. Num futuro próximo, talvez este cenário se venha a materializar na televisão interativa, para onde também convergirá a Internet, mas por enquanto ainda não é assim, ou pelo menos a televisão interativa ainda não está suficientemente disseminada para que seja assim. A Internet, enquanto meio convergente, possibilita aos jornais a incorporação de recursos antes exclusivos das rádios e televisões, sem modificarem a sua essência, já que o texto mantém-se como o principal suporte da informação.


O jornalismo on-line e o aparecimento da Internet colocaram vários desafios e questões ao jornalismo, sendo as principais com relação à qualidade e aos valores éticos. É fato que a Internet facilitaria a vida do jornalista e do leitor com relação ao tempo de divulgação da informação, mas será que em alguns momentos isso não pode atrapalhar no momento da apuração? Com a cobrança cada vez maior pela instantaneidade de novas informações, pode haver um certo “desleixo” por parte dos repórteres ou mesmo impossibilidade para que eles dêem o melhor de si na produção da matéria. A questão ética preocupa ainda mais, visto que qualquer pessoa pode escrever textos ou produzir matérias, mesmo sem ser jornalista. Obviamente, tem um aspecto positivo nisso, pois boas contribuições sempre serão bem-vindas, porém não dá para sabermos ao certo se a produção é verídica e não há muitos meios para essa verificação, portanto a única forma é reforçar os grandes valores jornalísticos (Objetividade, verdade, constatação do problema ou situação, consulta ao maior número possível de fontes...) e estar o mais atento possível a tudo que se lê, checando sempre que possível as informações divulgadas.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

VALE MUUUUUUUUITO A PENA LER!
Vai de encontro com o que eu penso e me faz ter vontade de ser como ele quando eu "crescer".
Texto indiscutivelmente bem escrito e que nos faz refletir muito a respeito do que diariamente salta aos nossos olhos mas muitas vezes não queremos enxergar, ou por alienação ou por medo e até muitas vezes, por estafa.
Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bom mesmo!!


BERNARDO CARVALHO
Fracasso do pensamento
Num mundo em que o jornalismo substitui a filosofia, é lógico que o bom senso não tem vez


UM MUNDO sem reflexão, onde a violência da realidade obriga o sujeito a deixar de pensar para agir, cedendo ao senso comum, ao simplismo e ao pragmatismo cínico, recorrendo ao preconceito e a ações impensadas que antes ele condenava, quando essa mesma realidade ainda não o atingia diretamente e ele podia repetir belas teorias da boca para fora, não é um mundo menos hipócrita (como alguns gostariam), é um mundo pior. Um mundo sem arte (no qual a arte, aceitando a pecha de ilusão e perfumaria, cede ao consenso da realidade e passa a funcionar como jornalismo e sociologia) também.É nesse mundo desiludido que a representação de jovens tolos e inconseqüentes, repetindo Foucault da boca para fora, para acabar quebrando a cara na prática contraditória do trato direto com a realidade nua e crua, passa a ter um efeito catártico junto a platéias em busca de um bode expiatório.É desse mundo (o do fracasso do pensamento) que trata "Tropa de Elite": onde só é permitido escapar à violência (e deixar de ser violento) fora da realidade -tudo o que o capitão Nascimento quer, ou diz querer, é sair desse mundo (onde quem pára para pensar morre), para poder cuidar em paz do filho e da família.Gostei do filme, embora tivesse preferido o longa-metragem anterior de José Padilha, o documentário "Ônibus 174". Não acho o filme fascista. Mas é inegável que, como qualquer representação da realidade, ele tem um discurso (que não é exatamente o mesmo do capitão Nascimento), a despeito de dizer que se limita a mostrar a realidade. E não é um discurso novo. É o discurso de um realismo funcional que volta e meia reaparece para dizer que a realidade é o que é. E que só os fatos (ali representados) contam.Num mundo em que o jornalismo substitui a filosofia (e em que a arte se esconde como discurso para se apresentar como espelho de uma realidade unívoca), é lógico que o bom senso não tem vez. A demagogia e a ira, sim. É preto no branco. Produção de subjetividade é coisa de elite irresponsável. Aqui, nós tratamos de fatos objetivos.Com o desbaratamento das idéias, este passa a ser um mundo de polarizações em torno de questões simplistas e indiscutíveis. Não se produz pensamento; tomam-se partidos. Vozes da ponderação e do conhecimento de causa -como a de Alba Zaluar, que exercita o bom senso semanalmente e sem maiores alardes nas páginas deste jornal- vão se tornando inaudíveis em meio ao bruaá dos lugares-comuns estridentes. O bom senso não aparece, porque não tem graça nem dá manchete. As idéias foram reduzidas a representações sociais. Basta que cada um fale e seja reconhecido como representante do seu grupo social (e que muitas vezes se aproveite disso para respaldar a banalidade ou a demagogia do que diz). O que conta não é o teor das idéias (em geral, as mais simplistas), mas que sirvam para identificar o lugar social de quem as manifesta no campo de batalha. Essa aparente desordem apenas encobre uma ordem geral, o consenso em torno da realidade como um campo de forças autônomo, um teatro de ação e reação, imune à reflexão e à inteligência.Foi em meio a esse contexto que bati com os olhos na recém-publicada edição espanhola dos artigos e palestras do dramaturgo francês Enzo Cormann: "Para que Serve o Teatro?" (Universidade de Valência). Na conferência de 2001 que dá título à coletânea, o autor diz que o teatro (e de resto toda arte que se preze), por ser reflexão, "consiste em reinjetar subjetividade num corpo social entrevado pelo uniforme demasiado estreito do pragmatismo econômico" -ou (por que não?) do realismo oportunista que reivindica para si uma pretensa objetividade, condenando ao mesmo tempo toda produção subjetiva à impotência e ao ridículo, como se dela não fizesse parte.Em nome de uma representação unívoca da realidade, o discurso embutido em "Tropa de Elite" (que não se assume como discurso) limita a própria possibilidade de produção de subjetividade a quem está fora desse mundo, ao diletantismo ridicularizado de estudantes inconseqüentes. Ao associar a produção de subjetividade aos ricos, aos tolos e aos irresponsáveis, como se tampouco estivesse produzindo subjetividade, o filme acaba, provavelmente sem perceber, dando um tiro no próprio pé, pois contribui para estreitar o entendimento do que num passado não muito remoto, e graças ao esforço e à resistência de grandes cineastas, garantiu ao cinema um lugar entre as artes, justamente como produção de subjetividade.

domingo, 4 de novembro de 2007

Circo Roda Brasil apresenta Stapafúrdyo no Rio

Efeitos de luz com iluminações recortadas, bonecos infláveis, figuras humanas caricatas e acrobacias. Essas são as principais atrações do espetáculo Stapafúrdyo, que será apresentado até o dia 4 de novembro, no Circo Roda Brasil. A montagem parte do princípio de que errar é humano, tendo o enredo construído através da visão do palhaço, como se cada pessoa tivesse uma essência cômica. O diferencial é que ele satiriza os circos clássicos, com as personagens "contracenando" com animais de pelúcia coloridos, em combinações curiosas, como a "giravaca" (mistura de girafa com vaca).Outro aspecto que o difere das apresentações circenses comuns é sua trilha sonora. São tocadas ao vivo músicas de André Abujamra: Karnak e As Mulheres Negras. Uma curiosidade a respeito do circo é a lona sem mastro central, diferente de todos os outros circos do país. A lona possui mastros de sustentão externos, o que privilegia a platéia com uma visão mais ampla do espetáculo.A montagem foi produzida pelas consagradas companhias Parlapatões e Pia Fraus, tendo o elenco formado por 20 artistas circenses. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet n° 8.313/91).O patrocínio é das Concessionárias Nova Dutra e Ponte SA, por meio do Programa CCR Cultura nas Estradas.O espetáculo Stapafúrdyo terá sessões às sextas-feiras, às 20h; aos sábados, às 16h, 18h30 e 21h; e aos domingo, às 16h e 18h30, na Concha Acústica de Niterói, situada à Rua Cem, s/nº, Centro.