sábado, 7 de julho de 2007

Análise do filme "Casa Grande e Senzala"

Isabella Carretero
O vídeo, assim como o livro, mostra o grande choque cultural entre negros e brancos, o quanto os brancos quiseram impor sua cultura aos negros e fazê-los acreditar que a cultura deles não merecia essa denominação.É impressionante ver a prepotência com que agiam e a indiferença com que tratavam àqueles que lhes serviam. Não havia uma recompensa, um agradecimento sequer.
A democracia racial não existia e não existe até hoje, afinal a abolição da escravatura "jogou o negro no mundo" sem nenhum suporte, sem nenhum projeto social, o que o fez conviver com uma realidade ainda pior e que tenta ser revertida até os dias atuais: a exclusão social.
Os negros não têm a mesma participação social, nem as mesmas oportunidades, tampouco o mesmo acesso à educação e conhecimento, o que acaba se tornando um círculo vicioso, pois sem conhecimento e oportunidades o negro não consegue crescer profissionalmente, e sem o crescimento profissional não conseguem ter a mesma participação social e nem acesso à conhecimentos mais abrangentes. E não é através das cotas que este problema se resolve, é com a finalização efetiva do racismo(que ainda existe, embora em menor grau) e com a melhora do processo educacional.
O Brasil é um país com extrema diversidade porém não consegue respeitá-la. O preconceito ainda existe, sim, velado e mesmo explícito, só não vê quem não quer. O sistema de cotas mesmo demonstra preconceito, porém de forma maquiada.
Apesar dos pesares, nisso tudo há pontos positivos: mesmo com toda a opressão o negro foi capaz de manter vivas suas raízes, desenvolvendo formas de elas parecerem mais aceitáveis aos europeus(a capoeira é um exemplo disso), criaram estratégias para passar o mais ileso possível pelos maus-tratos, entre outras coisas o que prova que mesmo sendo submissos, não eram totalmente manipuláveis pois nunca deixaram de valorizar e vivenciar(da maneira possível) a sua cultura e tudo aquilo em que acreditavam.

domingo, 1 de julho de 2007

Para refletir...

Horror no ar

Por Luiz Alca de Sant`Anna


Recebi mais de dez e-mails de pais horrorizados com o que aconteceu no Rio de Janeiro, onde meninos de classe média alta, sem estarem drogados, por puro enfado (que não o seja por prazer) espancaram uma doméstica que passivamente aguardava seu ônibus num ponto, antes do amanhecer.Vindos provavelmente da balada, entediados, quiseram uma nova sensação de que lhes mobilizasse a emoção, o que não acontecia pela sensibilidade, embrutecidos, talvez, pelo não desenvolvimento disso. Muitos pais que me escreveram perguntam se são culpados ou responsáveis, porque o maior pavor foi constatado quando se viu um pai, apesar de assumir a culpa do filho, isentando-o porque é um estudante, não um vagabundo.Resta saber qual é a sua noção de vagabundo...
Detesto acusação da culpa, mas se não somos todos culpados, pelo menos temos algo a ver com esse terrível ocorrido. No que diz respeito à omissão da sociedade, aos olhos desviados, à falta de atenção, não com a violência e a agressividade de agora, mas o que a provocou: uma sociedade fútil, vazia, que só pensa em griffes, em cultivar o físico como único caminho, que foge como o diabo da cruz da mística, da filosofia, da arte, do questionamento. Que vive na Sociedade do Espetáculo,seguindo todas as regras por ela impostas.
Esses lamentáveis jovens são fruto do preconceito,do machismo que cerca esse mundo superficial. Ser macho é bater em uma humilde empregada doméstica, não ser boiola é massacrar mulheres, vandalizar. E de onde veio tudo isso?Da própria formação, gente, desculpe.
O resultado dessa ideologia de falsos valores e provas pífias é que gera seres sem empatia - há adolescentes filhos de amigos meus que passam por mim, olham na cara e nem sequer me cumprimentam, porque não faço parte da galera -, incapazes de ver no outro a sua imagem e semelhança, de entender a grandeza da condição humana e respeitá-la.E, principalmente, de não entender a dor, já que os pais os pouparam de tudo.
Quem não conhece a dor jamais entenderá a devastação que ela provoca moralmente numa pessoa atingida e, assim, nunca desenvolverá um sentimento maior chamado compaixão.Como não foram humilhados, desconhecem a rejeição; como não passaram por necessidades, não aprenderam a falta e a carência. Não que seja preciso isso para se conhecer, mas é preciso,sim, que alguém, exaltando o privilégio, os faça reconhecidos a ele e não um motivo para se julgarem acima de ninguém.
O horror no ar do triste episódio é mais uma lição para se repensar os valores sociais, as mudanças imperiosas, o retorno do humanismo na educação.Antes do caos e da barbárie totais.